No Distrito Federal, roupas que já não eram mais usadas estão se tornando instrumentos de transformação social. A terceira edição da campanha Fazer o Bem Tá na Moda foi lançada nesta terça-feira (19), na loja Leila Bessa Tecidos Especiais, no Lago Sul, reunindo mulheres, parceiros e representantes do poder público em um gesto de solidariedade e empreendedorismo.
A iniciativa, promovida pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), já havia beneficiado mais de 400 mulheres em suas duas primeiras edições. Nesta fase, 100 artesãs do Instituto Maria do Barro, localizado em Planaltina, receberão roupas, calçados e acessórios em bom estado que poderão ser usados no dia a dia ou transformados em produtos para venda, gerando renda e autonomia financeira.
A campanha funciona de forma prática: mulheres com independência financeira recebem bolsas personalizadas, que devem ser preenchidas em até 15 dias com itens pessoais que não usam mais. Cada bolsa representa uma oportunidade de solidariedade, economia circular e valorização da cultura local.
Para a secretária Marcela Passamani, a iniciativa simboliza mais do que doações: “Cada bolsa carrega esperança e mostra como o trabalho coletivo pode gerar transformação social real”.
O Instituto Maria do Barro tem como foco capacitar mulheres em situação de vulnerabilidade social, muitas mães solo ou donas de casa sem acesso a empregos formais. A instituição ganhou reconhecimento nacional com a Coleção Barrolândia, que reproduz casas de favelas brasileiras em pequenos tijolinhos de barro. Atualmente, a coleção está exposta na Casa Cor DF e chegou a ser usada pela cantora Anitta na decoração de sua mansão, ampliando a visibilidade do trabalho das artesãs.
Segundo Dadá Silva, presidente do Instituto, conhecida como Dadá do Barro, a campanha fortalece o empreendedorismo feminino e impacta toda a comunidade: “Os itens arrecadados permitem que nossas mulheres aumentem sua renda, invistam em seus trabalhos e conquistem mais autonomia”.
Além de promover solidariedade e geração de renda, a ação também cumpre papel de ressocialização. As bolsas são confeccionadas por reeducandas da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap-DF), que aprendem um ofício, recebem remuneração e têm direito à remição de pena, combinando inclusão social com capacitação profissional.
A empresária Leila Bessa, doadora de tecidos para as bolsas, ressaltou o valor do projeto: “Participar de uma ação que promove capacitação, ressocialização e transformação de vidas é uma experiência única”.
O projeto ainda contou com apoio do Unique Buffet e da cantora Isabelle Jabour, reforçando a união entre solidariedade, cultura e empreendedorismo social. Ao longo das três edições, mais de 500 mulheres já foram beneficiadas, mostrando que o simples ato de desapegar de roupas pode gerar impacto real e duradouro na vida de muitas famílias.