Cássio Vasconcelos – Ascom Sefaz – Texto
Bárbara Barbosa – Foto
Mesa pautou discussões sobre patrimônio, memória e saberes não-ocidentais por meio da perspectiva decolonial
O Centro de Memória da Fazenda (CM), equipamento cultural vinculado à Secretaria da Fazenda (Sefaz-CE), promoveu nesta sexta-feira (22/11) a mesa de debate “Descolonizando o museu”. Como parte das atividades do projeto Acervo, Memória e História, o momento abordou reflexões sobre como a cultura e filosofia dos povos africanos e indígenas podem contribuir para uma nova concepção de museu, questionando os limites da perspectiva ocidental.
Conforme a gestora do CM, Clarissa Barroso, o Centro de Memória da Fazenda, desde sua criação, tem o propósito de ser um espaço acolhedor e respeitoso para todas e todos. “A intenção é continuar avançando nesse sentido. A promoção de palestras como esta, que abordam questões de pertencimento e estimulam a crítica, está diretamente alinhada a essa proposta”, pontuou a gestora.
A mesa foi composta pela pesquisadora, psicóloga e trabalhadora cultural, Nívia Torres, e pelo doutorando em História Social, Hilário Ferreira, com mediação do educador cultural Daniel Magalhães. Conforme a coordenadora do Núcleo Educativo do CM, Ana Paula Bezerra, o projeto Acervo, Memória e História busca tornar o CM um espaço mais acessível a públicos diversos. “Essa mesa foi pensada para imaginarmos um novo conceito de museu. Como podemos trabalhar esse olhar?”, questionou a coordenadora.
Segundo Nívia Torres, o colonialismo persiste nas estruturas sociais do presente e também pode ser percebido nos espaços museológicos. “Quando a gente proporciona um momento como esse, para trazer discussões que causam fissuras em algumas lógicas ainda reproduzidas e que são resquício do colonialismo, passamos a descobrir outros caminhos possíveis, novos mundos”, refletiu a debatedora.
Conforme Hilário Ferreira, os espaços de formação, incluindo os museus, podem reproduzir apagamentos históricos. “Isso acaba reforçando uma história oficial que nega os saberes e fazeres de outros povos, como os povos indígenas e os povos africanos. Descolonizar os museus é expor culturas materiais e imateriais que pensem a diversidade”, explicou o debatedor.
O título do encontro foi inspirado no livro “Descolonizar o museu”, da cientista política Françoise Vergès. A autora participa da corrente de estudos decoloniais. Uma das marcas dessa escola de pensamento é a crítica ao projeto colonial empreendido pelo continente europeu no restante do planeta. Nesse sentido, Vergès questiona o esquecimento sobre as pilhagens e expropriações realizadas pelos impérios coloniais, que ainda hoje compõem o acervo dos museus no Velho Mundo.
Fonte: Governo do Estado do Ceará