No inverno, o céu azul – o “mar” de Brasília – ganha mais vida quando se enfeita com as cores dos ipês. Esse espetáculo anual é esperado pelos moradores e visitantes que chegam à cidade. As árvores floridas mudam a paisagem local e transformam os passeios em experiências turísticas. Para celebrar a capital dos ipês e a época de floração, a Secretaria de Turismo (Setur) está selecionando, por meio de processo simplificado de chamamento público, 66 artesãos para exporem produtos bordados com a temática dos ipês na Casa de Chá, entre os dias 16 e 31 deste mês. Administrado pela Setur, o local abriga um dos centros de atendimento ao turista (CATs).
Para a titular da Setur, Vanessa Mendonça, o artesanato é um produto turístico que dialoga com as referências culturais da cidade – e o trabalho executado pelos artesãos pode traduzir isso da melhor forma. “Os ipês floridos se tornam pontos turísticos e lugares favoritos para fotos”, lembra a secretária. “Os nossos eixos, asas e ruas começam a ganhar um toque especial e atraem olhares por todas as partes, fazendo de Brasília a capital dos ipês. Esse sentimento é tão forte que o ipê-amarelo foi escolhido para simbolizar o Governo do Distrito Federal”.
Para facilitar a tradição de apreciar e fotografar a floração dos ipês, a bióloga e mestre em ecologia Paula Ramos Sicsú criou um aplicativo especial
Especializada em bordar ipês, a artesã venezuelana Cléia Silva Pedreira vai se inscrever no processo seletivo para expor na Casa de Chá. Ela conta que chegou a Brasília em 2018 e não entendeu por que havia tantas referências aos ipês na cidade, tanto no artesanato quanto no comércio em geral. “Lembro-me que uma vez saí pela cidade e era a época das floradas dos ipês amarelos”, conta. “A cidade estava muito colorida, e vi muitas pessoas paradas nas pistas, nos carros ou a pé, olhando e fotografando as árvores. Foi assim que entendi: são muitos ipês floridos que deixam a cidade muito mais bonita”.
Rota dos ipês
Já existe na cidade um movimento natural de as pessoas apreciarem as árvores floridas. Assim, foi criada a Rota dos Ipês, tendo sido mapeados locais onde estão as árvores que causam maior encantamento durante as floradas, como, entre outros pontos, a área em frente à Catedral, o Eixão Norte e Sul, a L4 Sul (em frente à Faculdade Unieuro) e o Setor Bancário Sul, em frente ao Edifício-Sede da Caixa e ao Setor de Divulgação Cultural.
E não basta apreciar: o morador gosta também de fotografar. No entanto, as floradas duram poucos dias. Para facilitar a tradição de apreciar e fotografar a floração dos ipês, a bióloga e mestre em ecologia Paula Ramos Sicsú criou o aplicativo Ipês, uma ferramenta colaborativa que é alimentada com dados fornecidos pelos usuários.
“O aplicativo é de construção comunitária. Ele só vai funcionar bem se os usuários colaborarem para isso. Diferentemente de aplicativos que ‘entregam serviços’, o Ipês depende dos dados fornecidos pelos usuários. É a comunidade que vai baixar o aplicativo, colocar fotos dos ipês para que todos possam apreciar, marcar as árvores ainda não registradas, dizer se estão floridas, informar como é o ambiente onde se encontram. A ideia é construir juntos algo que ajude a todos a apreciar melhor a natureza onde vivemos, o que sozinhos não conseguiríamos”, explica a bióloga.
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O app Ipês está disponível nas versões para smartphones que usam a plataforma Android ou IOS e pode ser baixado gratuitamente no Google Play e na App Store. O projeto não tem fins lucrativos. Lançado em julho e com apenas um mês, o aplicativo já tem 3.334 usuários e 1,3 mil ipês cadastrados.
Sobre os ipês
Segundo dados da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), o DF tem 230 mil árvores das cinco espécies de ipês: roxa, rosa, amarela, branca e verde. Até o fim do ano, serão plantadas mais 40 mil mudas em toda a região.
O início das floradas depende da baixa temperatura e estiagem. As flores roxas são as primeiras. Em seguida, vêm as amarelas, as brancas, as de cor rosa e as verdes, mais raras. A ordem não é rígida. As floradas roxas surgem entre maio e julho, enquanto na sequência aparecem as amarelas e as de ipê-rosa e, no fim, as brancas, prenunciando o início das chuvas.
*Com informações da Secretaria de Turismo
Fonte: Agência Brasília