Em 22 de Julho é comemorado o aniversário do Programa Corra pro Abraço, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) da Bahia. Fundada em 2013, a iniciativa promove a cidadania de populações vulneráveis afetadas pela criminalização do uso de drogas, por meio de estratégias de Redução de Danos físicos e sociais, evidenciando que “outros caminhos são possíveis”.
“O Corra pro Abraço é um programa que nos alegra e orgulha. Com muita determinação, ele transforma vidas e apresenta novos caminhos. Tudo feito com muito respeito e cuidado e, sem dúvida, é uma iniciativa que deu muito certo, vamos seguir trabalhando para que o Corra tenha vida longa e siga espalhando amor, devolvendo sonhos e protegendo a vida, garantindo direitos”, disse o secretário Carlos Martins, titular da SJDHDS.
Atualmente, o programa tem parceria com a Oscip Comunidade Cidadania e Vida (ComVida) e a ONG Cipó Comunicação Interativa, e, ao longo desses oito anos foram ampliadas a atuação a partir das demandas verificadas junto à população em situação de rua.
“Hoje temos também o Corra Juventude, acolhendo jovens em contexto de vulnerabilidade, buscando fortalecer seus vínculos para que não venham para a situação de rua. Também tivemos uma atuação nos municípios de Feira de Santana e Lauro de Freitas. Atualmente em Salvador, nós ampliamos o entendimento de redução de danos durante a pandemia de COVID-19, de maneira que não poderíamos recuar neste momento, quando a população mais precisa”, explica Frank Ribeiro, coordenador geral do programa.
Durante a pandemia do vírus SARS-CoV-2, a equipe do Corra Pro Abraço lançou a campanha Corra para a Prevenção, na qual foram instaladas pias comunitárias e organizada a arrecadação de alimentos e insumos de higiene.
“O Corra é como uma terapia para a gente que está na rua e convive com tanta violência. Sem o programa a gente não teria uma casa para pintar, brincar, divertir a mente. Os trabalhadores lutam por nós e nos ajudam a diminuir o uso das drogas”, é o que revela Aline Silva, beneficiária do Programa durante atividade no campo da Praça da Piedade, centro de Salvador.
Com o objetivo de aumentar as arrecadações, o programa também lançou a ação SOS Pop Rua, com apoio de artistas baianos como Luedji Luna e Ziati Franco, embaixadores da ação. A atividade foi uma parceria com Movimento Nacional de População de Rua, Coletivo Solidários da Rua, Mouraria 53, Pega a Visão (EAUFBA), Espaço Esse É Nosso, Biblioteca Comunitária Zeferina, Associação de Moradores de Plataforma, Projeto Ensinar é Aprender a Viver (Fazenda Coutos), Associação de Moradores Nova República (Santa Cruz).
Para Lucas Dias, 17, morador do bairro do Beiru, “o álcool em gel e a máscara me deram um suporte muito importante nessa quarentena e ajudou a mim e meus familiares a mantermos os protocolos”, comenta o adolescente após receber as doações do SOS Pop Rua.
Articulador de rede
Segundo o levantamento do Projeto Axé em 2017, antes da pandemia, Salvador tinha entre 14 e 17 mil pessoas em situação de rua. Com o aumento das desigualdades na COVID-19 o número pode ser muito maior na capital baiana. “Com toda nossa bagagem de quase uma década, a existência do Corra ainda é necessária para o acolhimento e a garantia dos direitos de populações vulneráveis”.
Além do trabalho junto a população em situação de rua e jovens em vulnerabilidade, o Programa Corra pro Abraço atua na Vara de Audiências de Custódia. O trabalho surgiu a partir de um termo de cooperação técnica do Tribunal de Justiça da Bahia com a SJDHDS-BA, com o objetivo de mapear as demandas das pessoas que chegam no núcleo. Com a parceria, o Corra pro Abraço tornou-se uma alternativa ao encarceramento em massa da população, facilitando o encontro das pessoas que chegam ao órgão com os demais serviços da rede de atenção psicossocial, a fim de promover vínculos e garantir a cidadania.