Moradora de Samambaia, Simone Jesus Medeiros, 37 anos, tem cinco filhos, cuida deles sozinha, está desempregada e, há quase uma década, depende da ajuda do governo para sobreviver. Ela recebe benefícios do GDF, como o Cartão Prato Cheio e o Cartão Creche, além dos R$ 250 do Bolsa Família – a principal renda em sua casa. Na semana passada, Simone foi até o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) da Expansão de Samambaia atualizar o cadastro, esperou menos de dez minutos para ser atendida e saiu satisfeita. “Gostei muito”, relata.
Os atendimentos dos serviços de assistência social oferecidos pelo GDF continuam a ser oferecidos e são realizados sem filas graças ao modelo de agendamento on-line que permite marcar as visitas com segurança para servidores e usuários. Tudo é feito com hora marcada, e cada assistente social recebe um beneficiário de cada vez, em uma sala equipada com proteção de acrílico entre o atendente e o usuário.
15 mil pessoas foram atendidas em janeiro nas 27 unidades do Cras
Após quase dez meses com funcionamento remoto em razão da pandemia da covid-19, as unidades socioassistenciais retomaram o acolhimento presencial no primeiro dia útil do ano. Só em janeiro, as 27 unidades do Cras do DF atenderam 15 mil pessoas. Além de acabar com a espera que acontecia na porta das unidades, o novo modelo ampliou a assistência. A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) prolongou o horário de atendimento nas duas unidades do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) do DF.
São quase mil atendimentos a mais, na comparação com o mesmo período de 2020. Em relação a 2019, foram quase duas mil pessoas a mais recebidas só no Cras, onde as famílias carentes do DF se inscrevem no Cadastro Único ou no Bolsa Família e têm acesso a uma série de benefícios, como o cartão Prato Cheio, auxílios emergenciais, isenção na taxa para confecção de RG e isenção ou redução da tarifa de água e energia. Mais 1.931 famílias receberam atendimento nas 11 unidades do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) em janeiro.
De acordo com a Sedes, por conta da necessidade de readequação do serviço em 2020, ocasionada pela pandemia da covid-19, formou-se uma demanda reprimida que, aos poucos, vem sendo atendida. Para a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, o importante é o fato de essas pessoas terem a perspectiva do agendamento sem precisar esperar na fila. “Antes, elas seguiam para a frente das unidades e, caso as senhas terminassem, elas retornariam para casa sem a perspectiva do atendimento”, lembra.
Horário marcado
O agendamento foi implantado na segunda quinzena de dezembro do ano passado para a retomada do atendimento presencial, que começou no dia 4 deste mês. Desde então, por meio dessa nova metodologia, as equipes programam o horário específico de ida do cidadão ao posto de serviços. A meta é poupar o tempo e evitar aglomeração.
7 mil vagassão disponibilizadas a cada 15 dias
Quem busca um benefício assistencial do governo, deve encaminhar a demanda por meio do site da Sedes ou pelo telefone 156, na opção 1. O sistema registra as características da família e o histórico do usuário e, por meio de uma pontuação, marca os atendimentos por ordem de prioridade e necessidade da família.
“Por meio da transparência nesse processo, favorecemos o controle democrático por parte da população” Nathália Eliza de Freitas, coordenadora de Proteção Social Básica da Sedes
Em aproximadamente uma semana, uma equipe retorna a ligação, marcando dia e horário para o atendimento, que ocorre em um prazo médio de 40 a 45 dias – podendo, a critério da família, ser presencial ou remoto. Em algumas regiões, é possível marcar o atendimento para o dia seguinte ao que o agendou. Atualmente, há atendimentos agendados até o dia 12 deste mês. A Sedes vai abrir vagas para agendamentos até o dia 30. A cada 15 dias, são disponibilizadas cerca de 7 mil vagas.
“Com o sistema de agendamento, conseguimos organizar melhor os processos de trabalho nas unidades, unificando a forma de acesso [que antes variava muito entre as unidades], e damos mais transparência à atuação da assistência social”, explica a coordenadora de Proteção Social Básica da Sedes, Nathália Eliza de Freitas. “Assim, pudemos ampliar a capacidade de atendimento das unidades e, por meio da transparência nesse processo, favorecemos o controle democrático por parte da população.”
Sem filas
Desempregada, Abmaria Nascimento, 45 anos, nunca precisou acessar os serviços da assistência social. Porém, devido ao momento de incertezas ocasionado pela pandemia, ela recorreu ao Cras. Após entrar em contato por meio do telefone 156, ela foi recebida na unidade da Candangolândia.
“Sempre via as filas intermináveis pela televisão e quando passava na frente da porta do Cras”, conta. “Pensei que fosse esperar mais de mês, mas foi apenas uma semana. Agora, é saber se me enquadro para o recebimento de algum benefício, enquanto busco retornar ao mercado de trabalho.”
Simone aprovou o novo modelo. Ela agendou o atendimento pelo 156 e esperou 20 dias para ser recebida no equipamento público. “Antes era superdifícil conseguir o atendimento”, diz. “O pessoal dormia na fila, eram poucas senhas distribuídas. Tinha que madrugar mesmo”.
*Com informações da Sedes