Projeto de musicoterapia do Degase é destaque em publicação da ONU
24 de fevereiro de 2021
Música como instrumento de transformação social. Partindo dessa ideia, cinco musicoterapeutas trabalham com jovens que cumprem medidas em quatro unidades do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase). O trabalho de musicoterapia conquistou os internos e também o reconhecimento internacional. O projeto “Degase: musicoterapia para adolescentes em conflito com a lei” ganhou destaque em uma publicação da Organização das Nações Unidas (ONU) ao concorrer com outros 150 trabalhos em todo o mundo.
O compêndio, em comemoração aos 75 anos da ONU, mostra projetos que utilizam a música como meio de desenvolvimento sustentável em todo o mundo. O programa foi inscrito no concurso pela musicoterapeuta do Degase Mariane Oselame e selecionado para integrar o documento ao lado de iniciativas de outros 38 países. O lançamento da publicação aconteceu em dezembro de 2020 e está sendo divulgado por todo o mundo. A ideia é dar visibilidade às ações que utilizam a música como agente de transformação social.
No Degase, a musicoterapia faz parte do atendimento do Núcleo de Saúde Mental, vinculado à Coordenação de Saúde e Reinserção Social (CSIRS) do Departamento. Os profissionais desta área realizam atendimentos individuais ou em grupos, trabalhando com técnicas de musicoterapia, instrumentos musicais, escuta terapêutica e qualificada, assim como composição, improvisação e audição de canções dos mais diversos gêneros e ritmos.
Além disso, os profissionais também fazem a articulação com familiares dos socioeducandos e com outros servidores do Departamento, como psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, agentes de segurança socioeducativos e até mesmo com a rede pública de saúde, quando necessário. Conforme a própria descrição do projeto no compêndio, a música permite novas elaborações e narrativas (verbais ou não verbais) e oferece aos adolescentes novos caminhos para expressão.
Mariane Oselame, que é lotada na unidade feminina de internação do Degase e é presidente do Comitê Latino-Americano de Musicoterapia, explica a importância desse projeto ser reconhecido internacionalmente.
– O Degase é uma instituição de referência não só para o Brasil, mas para outros países também. Acredito muito nesse trabalho que vai reverberando e sendo agente de mudanças, por isso precisamos cada vez mais permitir que o mundo saiba o que é feito aqui dentro. Com o respaldo e união da pesquisa acadêmica e a prática das experiências cotidianas, podemos exportar nosso conhecimento e nossas tecnologias, que são pioneiras na área da socioeducação, e no atendimento de populações expostas às diversas vulnerabilidades – ressalta.
A musicoterapeuta destaca que um dos grandes potenciais da iniciativa é o alto índice de aceitação pelos internos. Ela acredita que trabalho terapêutico com o protagonismo da música pode ser um aliado para iniciativas integradas com outras áreas como a educação, segurança e a saúde.
– O trabalho do Departamento contribui ativamente para a criação e promoção de políticas públicas essenciais. A prática musical possibilita um acesso mais rápido aos sentimentos humanos, fazendo com que as pessoas tenham mais capacidade para se conectar e se expressar. Fazer parte deste compêndio nos estimula ainda mais a ampliar nossas ações e nosso alcance – enfatiza Mariane.
Para o diretor-geral do Degase, Márcio Rocha, esta é uma ação efetiva na transformação dos jovens e uma importante ferramenta de reinserção social.
– Em nome de todo o Departamento, gostaria de parabenizar a servidora pela grande iniciativa, que destaca para o mundo um dos grandes projetos desenvolvidos no Degase. Ficamos muito felizes com a oportunidade de dar visibilidade à utilização da música como agente de transformação social – conclui Márcio.