Responsável por propiciar atividade física no contraturno escolar a 4 milhões de crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos desde a criação, o Forças no Esporte (Profesp), modalidade do programa Segundo Tempo, ganhou nova função social durante a crise da Covid-19.
Com as aulas presenciais suspensas em alguns estados, os beneficiários, oriundos principalmente de famílias em situação de vulnerabilidade, também ficaram sem o acesso às duas refeições disponibilizadas pela iniciativa. Para amenizar a situação, os ministérios da Cidadania e da Defesa passaram a distribuir ao longo de 2020 kits de alimentação para os integrantes do Forças no Esporte.
Além disso, um Termo de Execução Descentralizada (TED) foi assinado, no valor de R$ 12 milhões, para manter as ações ativas em 2021. Os recursos foram distribuídos entre as três Forças Armadas.
“A manutenção da alimentação que tempos atrás fornecíamos às crianças, transformada em kits, funcionou como um instrumento para manter o vínculo com essas crianças e, principalmente, para minimizar a dor, a situação que a Covid-19 causou à população brasileira em relação à sua subsistência”, afirmou o coronel Roberto de Moraes Tavares, coordenador nacional do Profesp.
O Profesp atende 29,9 mil pessoas de 139 cidades de todos os estados do país, incluindo áreas de fronteira, 17 comunidades indígenas e o território da Amazônia Legal. São 313 núcleos sediados em 202 Organizações Militares, locais onde as atividades são oferecidas.
“É notória a transformação que o Forças no Esporte causa na nossa juventude, principalmente aquela em estado de vulnerabilidade social, internalizando valores, minimizando a fome e abrindo novas perspectivas de futuro para essa geração”, frisou o coordenador.
Segundo Tempo
O programa Segundo Tempo beneficia atualmente 20,47 mil crianças e jovens, com um investimento, apenas em 2020, de R$ 20,58 milhões. A iniciativa conta com 85 parcerias para manter 176 núcleos ativos em todos os estados do país. As universidades públicas aparecem como uma das instituições mais importantes para o desenvolvimento das ações. Uma vertente do programa, inclusive, é voltada para estudantes do terceiro grau, com núcleos que atendem até 300 pessoas.
Professora de educação física da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar/SP), Ana Cláudia Duarte destaca que antigamente a disciplina Prática Desportiva era obrigatória para diversos cursos e hoje os estudantes têm no Segundo Tempo a oportunidade de praticar atividades físicas com outro foco. “A primeira coisa que nos motivou a implantar o programa foi propiciar essa vertente do esporte educacional aos universitários. A educação física era obrigatória no terceiro grau. Para além do ensino na graduação do próprio curso, a gente tinha que dar aula para todos os outros cursos.”
A docente espera utilizar o projeto também como fonte para pesquisas. “Queremos mostrar para a universidade que o investimento vale a pena. Estamos indo atrás de indicadores. Uma aluna de doutorado vai ver os efeitos do esporte educacional sobre as variáveis fisiológicas de saúde, redução de doenças crônicas não transmissíveis e qualidade de saúde mental dos estudantes universitários do programa”, ressaltou Ana Cláudia.
Com informações do Ministério da Cidadania