A dinâmica é sempre a mesma: uma carroça, caminhonete ou caminhão chegam carregados de entulhos. Em um terreno baldio, público ou particular, o veículo descarrega o material e sai. São restos de obras, de podas de árvores, móveis velhos ou mesmo lixo doméstico que, descartados de forma irregular, colocam em risco a saúde e a segurança da própria população.
Sobradinho II vive esse dilema todos os dias. E foi em mais uma ação de cidadania que o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), da Administração Regional e do programa GDF Presente, retirou, em dez dias, 3 mil toneladas de materiais que sujavam a cidade.
Em pelo menos oito grandes áreas, tratores e caminhões recolheram entulhos que são depositados em espaços nos quais essa prática é proibida. Terrenos como o Polo de Cinema, entre a DF-215 com a DF-326, e a Vila Buritizinho, receberam as maiores e mais organizadas ações. “É preciso consciência da população sobre um problema criado por ela contra ela mesma”, alerta o administrador regional de Sobradinho II, Osmar Felício.
“É preciso consciência da população sobre um problema criado por ela contra ela mesma”Osmar Felício, administrador de Sobradinho II
Transbordos são áreas de armazenamento temporário de materiais – nesse caso, de entulhos. Podem ser oficiais, quando é determinado pelo poder público, como os papa-entulhos; ou aqueles usados para descarte ilegal, como os feitos sem controle em terrenos baldios. Em Sobradinho II, a instalação de papa-entulhos, que já existem em outras regiões do Distrito Federal, está em fase de licitação.
Conscientização
Coordenador do Polo Norte do GDF Presente – responsável por atender a Região Administrativa de Sobradinho II -, Ronaldo Alves lembra que descartes em áreas públicas causam problemas e prejuízo à própria população, mais ainda aos moradores de casas próximas a esses terrenos. “Principalmente pelo acúmulo de vetores de doenças – como mosquitos, ratos, baratas e escorpiões -, além do mal-estar em função dos montes de entulhos e lixo”, destaca.
Davi Santos, de 38 anos, é produtor cultural e mora em Sobradinho II. Ele lamenta a falta de cuidado da população com a própria cidade e com a saúde dos moradores e observa que, horas depois de essas áreas serem limpas, novos descartes irregulares são feitos. “É uma questão de conscientização; se [o governo] multasse e mexesse no bolso das pessoas que fazem isso, acredito que muita coisa seria diferente”, defende.