Uma iniciativa que tem como missão fornecer alimentos de produção local, com maior qualidade biológica, livre de agrotóxicos e economicamente acessíveis; esse projeto visa, ainda, contribuir com a renda das famílias produtoras da região e promover também o plantio da floresta nativa, o que representa uma alternativa de convivência mais harmoniosa com o bioma.
Esse projeto é o “Balaio Agroecológico”, desenvolvido pelo estudante do 8º semestre de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu (Fecli/Uece), Dauyzio Alves Silva.
Antes da criação do projeto, o estudante, com sua companheira Michelle Maciel e com o casal de amigos Célia Duarte e Junior Cesar, mantinha uma pequena horta para consumo próprio. Ao participar da organização da I Ecofeira de Iguatu, promovida pelo grupo de pesquisa Ecologia e Conservação de Ecossistemas (ECOEM/Fecli/Uece), Dauyzio enxergou novas e empolgantes possibilidades, como conta o coordenador do ECOEM, professor Jefferson Thiago.
“O Balaio Agroecológico é uma iniciativa do Dauyzio, que tem como base algumas atividades do grupo de pesquisa ECOEM. Em 2019, realizamos a I Ecofeira de Iguatu, sediada em nosso campus. A partir daí que se enxergou o potencial de implantação do Balaio, uma iniciativa empreendedora. Fizemos alguns estudos com parceiros locais, que consistiam em levantar o número de agricultores com potencial de cultivo agroecológico, bem como uma pesquisa de opinião com a população da feira livre, sobre a receptividade desses produtos”, conta o docente.
O estudante empreendedor explica os passos seguintes. “Nesse processo, conseguimos identificar outros produtores familiares que utilizam agricultura de base ecológica, e que devido a diversos fatores não conseguiam comercializar os excedentes de forma satisfatória. Para além da feira, identificamos um nicho de mercado e uma oportunidade”.
Dauyzio, então, ampliou sua horta e passou também a comprar e vender o que era produzido, e não consumido, por essas famílias. Assim surgiu o “Balaio Agroecológico”, que traz um nome simples, regional e que leva a ideia da diversidade que a produção agroecológica pode proporcionar.
“Pouco depois da I Ecofeira, lançamos o serviço de delivery, em setembro de 2019. Desde o início contamos com a participação de seis famílias que fornecem cerca de 20 produtos, desde hortaliças, frutas e grãos, mudas e sementes, bolos, conservas e molhos, até a inserção de plantas alimentícias não convencionais como a vinagreira, produção de bebidas probióticos como o frisante e a realização de formações para a comunidade em geral”, destaca o estudante da Uece.
Dauyzio esclarece, ainda, o que é o sistema agroecológico. “É aquele onde a natureza é o modelo, onde se adota na agricultura e pecuária o que a natureza vem fazendo sabiamente ao longo de milhares de anos. (…) Respeitamos os aspectos ecológicos locais, com a adoção dos sistemas agroflorestais agroecológicos, plantando árvores frutíferas e nativas da região, em meio as culturas; as questões sociais, culturais, como o respeito e a manutenção de tradições culturais, resgates de espécies crioulas, uso e difusão de receitas tradicionais; e a economia verde, priorizando a soberania alimentar das famílias e o fornecimento de produtos com mínimo de plástico, sem veneno algum e a preços acessíveis”.
Atualmente, o Balaio Agroecológico entrega 60 cestas por semana em todos os bairros da zona urbana de Iguatu. Uma dessas cestas vai para a casa da Sra. Gizeuda de Melo. “Toda semana eles mandam via WhatsApp a lista dos produtos disponíveis. A gente escolhe os itens que quer e eles mandam entregar em casa. Os produtos são muito bons, são sem agrotóxicos e a gente consome sem nenhum medo de ingerir alimentos contaminados”, destaca a servidora pública que é cliente e admiradora do Balaio. “É uma iniciativa maravilhosa para que a população tenha mais saúde. É muito difícil encontrar produtos sem agrotóxicos aqui no Iguatu e eu acho que todo mundo deveria tomar conhecimento desses produtos e consumi-los. Nossa saúde agradece”.
Para a ideia que continua a evoluir, Dauyzio segue fazendo planos com o desejo de levar cada vez mais saúde para a mesa da população de Iguatu, respeitando o meio ambiente e contribuindo com o desenvolvimento da economia local.
“Para o futuro, esperamos que mais produtores possam utilizar esse modelo e que a disponibilidade de alimentos agroecológicos seja ampliada. Isso depende de políticas públicas mais efetivas, que apoiem iniciativas regenerativas e que a academia esteja cada vez mais presente, principalmente porque estamos no bioma menos estudado e um dos mais degradados do país, e conhecer é o primeiro passo pra conviver bem”, conclui o futuro biólogo.
Conheça mais o Balaio Agroecológico pelo perfil no Instagram @balaioagroecologico