Talvez você se lembre que, em setembro, o Procon-SP notificou a Apple por não cobrir danos que iPhones sofreram após contato com água — os aparelhos são promovidos como tendo esse tipo de proteção. No Brasil, o assunto não avançou até agora. Na Itália, a situação é diferente: a AGCM, órgão antitruste do país, multou a Apple em € 10 milhões (cerca de R$ 63,6 milhões, em valores desta segunda, 30) por causa do problema.
Basicamente, a AGCM afirma (PDF) que a Apple pratica propaganda enganosa ao não ser clara o suficiente sobre quais condições a resistência à água dos iPhones é válida. Sendo mais específico, a entidade argumenta que a Apple não deixa implícito que a resistência a profundidades de até 4 m por até 30 minutos só ocorre sob determinadas circunstâncias.
Um exemplo: os materiais promocionais da Apple não informam com clareza que esses limites só foram alcançados em testes laboratoriais feitos com água parada e pura, não em condições cotidianas de uso.
Problemas desde o iPhone 7
O problema não é recente. Os tais limites podem variar de acordo com a geração do iPhone, mas há afirmações sobre o assunto em materiais promocionais de praticamente todos os modelos lançados pelo menos desde o iPhone 7.
A AGCM também considera inadequado a Apple não incluir danos causados por água na garantia do iPhone, mesmo com os materiais promocionais ressaltando a característica de resistência a líquidos da linha.
Até o momento, a Apple não se pronunciou sobre o assunto. Vale lembrar que essa não é a primeira multa que a companhia recebe na Itália. Em 2018, Apple e Samsung foram multadas em € 5 milhões cada uma sob acusação de prática de obsolescência programada.