Mato Grosso é o único Estado do Brasil a ter três biomas: Amazônia, Cerrado e Pantanal. Apesar dessa diversidade de vegetação, o clima no Estado é bem definido e dividido em duas fases: período chuvoso e o de seca. Nesse último, os produtores rurais que não têm irrigação em suas propriedades acabam amargando prejuízos. Isto porque a seca afeta diretamente no rendimento das lavouras, fazendo com que seja produzido uma menor quantidade de alimentos e, consequentemente, fazendo que os produtos agrícolas disponíveis na época da seca subam de preços por conta da baixa oferta. Ter a colheita prejudicada entre os meses de junho a outubro era um problema vivido pelo produtor de limão tahiti do município de Itiquira, Rubens Soares Ribeiro, 35 anos. A solução só surgiu quando decidiu investir em irrigação. “Antes da irrigação nossos limões na época da seca não cresciam. Era menor e com pouca polpa. Já com irrigação produzimos limões o ano todo, além da fruta fica maior, com mais caldo, e com produtividade maior, já que o pé de limão irrigado dá mais frutos do que aquele que não é”, explica Rubens Ribeiro.
Implantar um sistema de irrigação rural tem um custo elevado. Rubens Ribeiro por exemplo optou por irrigação por microaspersão e investiu R$ 2,5 mil em 300 metros de área plantada. Valor inviável para a grande maioria dos 140 mil produtores familiares de Mato Grosso. Frente a esse cenário, o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), prepara um eixo de atuação para ser colocado em ação em 2021, voltado exclusivamente para a irrigação em pequenas propriedades.
A ação de governo denominado ‘Mato Grosso Produtivo – Irrigação’ vai investir R$ 57 milhões em conjuntos de irrigação, a serem implantados em 50 municípios das regiões oeste e centro-sul. A seleção de cidades participantes do programa e os critérios de participação dos produtores familiares ainda serão definidos nas próximas semanas.
De acordo com o secretário de Estado de Agricultura Familiar, Silvano Amaral, a meta é implantar conjuntos de irrigação em 2 mil hectares, sendo esse total dividido em um por família. “Dessa forma atenderíamos 2 mil famílias, das mais diversas culturas produtivas”, comenta o secretário.
O foco, acrescenta Silvano Amaral, é atender cadeias produtivas da fruticultura (banana, maracujá, limão, abacaxi e mamão), olericultura (hortaliças), horticultura (mandioca), além da cultura do café, do cacau e da pecuária. Pela ação haverá contrapartida das prefeituras, através do custeio de deslocamento dos técnicos até as propriedades por um período de 24 meses, e também por parte dos produtores familiares, que ficarão responsáveis por arcar com os custos de mão-de-obra e insumos das culturas implementadas.
“Além de gerar empregos, esse programa ajuda atenuar um grave problema enfrentado por todos nós ano a ano, que é o de ver os produtos agrícolas subirem na época da seca, e o principal, faz com que o produtor familiar tenha maior renda ao lhe proporcionar que não fique sem produção na época que as chuvas ficam mais escassas”, finaliza o titular da Seaf.
‘Mato Grosso Produtivo”
O principal programa de atuação da Seaf é denominado ‘Mato Grosso Produtivo”, em que é dividido em oito eixos de atuação: irrigação, bacia leiteira, poços artesianos, cacau, café, feiras, sistemas agroflorestais e rede e-commerce.
Neste ano até 2022 serão destinados R$ 185 milhões em recursos públicos a serem investidos em ações que fortaleçam a atividade do produtor familiar de todas as regiões do Estado.