O Ministério da Saúde sabia, pelo menos desde abril de 2019, que havia risco de incêndios no Hospital Federal de Bonsucesso , na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro . Um relatório produzido por engenheiros a pedido da pasta na época apontou uma série de problemas na estrutura de combate a chamas da unidade hospitalar. A informação é do jornal O Estado de São Paulo .
Mesmo após o sinal de alerta, nada foi feito e, um ano e meio depois, o hospital foi atingido por um incêndio, deixando até agora duas pacientes mortas. Uma delas era mulher de 42 anos e outra uma idosa de 82 anos. As duas estavam com a Covid-19 , doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Questionado nesta terça sobre a falta de providências para sanar o risco de incêndio no hospital, o Ministério da Saúde não se manifestou. Por meio de nota, a pasta se limitou a lamentar o episódio.
Em setembro de 2019, de posse desse relatório, a Defensoria Pública da União cobrou providências da direção do HFB para ajustar o hospital às normas de segurança e solicitou ao Corpo de Bombeiros que fizesse uma vistoria na unidade de saúde.
“Depois disso, a Defensoria fez seu papel de reforçar reiteradamente a necessidade de providência urgente aos órgãos competentes”, informou, em nota, a Defensoria.
Ao menos desde 2007 os profissionais de saúde denunciavam problemas elétricos e risco de incêndio no Hospital de Bonsucesso, segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Alexandre Telles.
“As primeiras denúncias são de 13 anos atrás, e a única providência até hoje foi a compra de extintores de incêndio, no ano passado. A fiação nunca foi trocada”, disse o médico.
Além disso, Telles afirma que faltou treinamento e coordenação para salvar os pacientes. “Os funcionários não sabiam para onde levar os pacientes, porque nunca tinham tido treinamento, não havia um protocolo”, completou.