Apoiar o empreendedor, desde o momento da ideia até a fase de encarar o mercado, crescer e escalar, faz parte de uma das ações da Rede de Centros de Inovação de Santa Catarina, coordenado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE). A catarinense Compufour, criada há 25 anos, sabe como esta ação foi fundamental para impulsioná-la.
Apoiada pela iniciativa do Estado desde os primeiros passos, o negócio foi alavancado, e a pequena empresa do Meio-Oeste se tornou gigante, despertando o interesse de multinacionais. Recentemente foi comprada pela software house italiana Zucchetti,
“Apoiar e incentivar empreendedores no estado, independente do tamanho da empresa, este é o nosso papel e o nosso propósito, ser um impulsionador de pequenos negócios e grandes ideias, gerando uma espiral de prosperidade, esperança e confiança. Mais do que atrair novas empresas trabalhamos em políticas de estado perenes para fortalecer as existentes para que possam alçar voos ainda mais altos”, avalia o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Rogério Siqueira.
Para o CEO da Compufour, Wagner Muller, o Governo de Santa Catarina vem contribuindo com o crescimento da empresa desde 1996. Uma das viradas de chave foi estar presente no Centro de Inovação de Florianópolis que é parceiro da rede catarinense.
“Concórdia tem uma grande concentração na agroindústria e na agropecuária, mas a área tecnológica ainda está em desenvolvimento. Então, há uns cinco anos, percebemos que tínhamos que expandir nossa atuação, estender um braço da Compufour e beber de fontes inovadoras. Primeiro fomos para Joinville e depois passamos a filial para Florianópolis. Foi ali que começamos a perceber algumas melhorias. Começamos a entender mais sobre governança e que precisávamos de parceiros, tanto da aproximação de startup como de grandes players”, conta Muller.
O secretário da SDE destaca que é justamente este o objetivo dos centros, estimular a inserção da cultura de inovação nas empresas e conectar startups e empreendedores com empresas consolidadas e outros atores importantes.
Início de tudo
Fundada por um grupo de amigos, em época que nem existia o termo startup, a Compufour começou vendendo equipamentos de informática. O software era uma espécie de hobby, já que um dos fundadores era programador.
“Começamos a ganhar destaque na época não pelo equipamento, que eram os mais caros da cidade. Tínhamos muitos clientes pelo nosso atendimento, pela parte de suporte, apoio, entre outros. E logo vimos que também estávamos tendo evidência nos softwares. Foi então que criamos um sistema para controle e gerenciamento para uso interno. Não demorou muito, alguns amigos passaram a usar e vimos ali uma oportunidade de negócio”, detalha o CEO da Compufour.
Hoje, a empresa conta com mais de 100 colaboradores e com 40 mil clientes ativos no Brasil. Só no ano passado, os sistemas movimentaram R$ 26 bilhões, o que corresponde de 2 a 3% do PIB varejo. Resultando num aumento de 10,6% no total de usuários ativos no primeiro semestre de 2020.
Outros apoios do Estado
O impulsionamento do Governo de Santa Catarina foi muito além dos Centros de Inovação. O convite para a participação no pavilhão de Santa Catarina na Fenasoft, em São Paulo, foi um dos primeiros incentivos recebidos.
“Isso foi a realização de um sonho pra nós. Montamos 200 softwares de prateleira e levamos no ônibus, ocupando todo o bagageiro. Felizes, queríamos era vender. E para nossa surpresa, vendemos tudo. Ali foi outra confirmação de que estávamos com um grande negócio em mãos”, descreve Wagner.
Com todo este sucesso, e contando, na caminhada, com outros apoios de programas tributários do Estado, em 2000 a Compufour parou de vender equipamentos para focar nos sistemas de gerenciamento de pequenas e médias empresas.
Gigantes do software
Criadas em cidades com população inferior a 100 mil habitantes, a aproximação entre a Compufour e a italiana Zucchetti começou em janeiro deste ano. Como foco na continuidade do crescimento dos negócios, viram na sinergia o passo para a união, motivados por histórias parecidas.
Para o CEO da Zucchetti no Brasil, Alessio Mainardi, trabalhando juntas, o portfólio de produtos possibilitará a entrega de mais tecnologia de ponta ao pequeno varejo brasileiro.
“A Compufour veio para complementar o nosso negócio, ainda mais que está localizada em um estado que vejo que é um berço de tecnologia e inovação. Contamos com mais de mil pessoas especializadas só em pesquisa e desenvolvimento na multinacional. Isso vai ajudar a Compufour a melhorar seus produtos e criar outros. Para nós, é perceptível o apoio dos governos, tanto municipal e estadual, para o crescimento dos empreendedores. Temos interesse em estreitar esse relacionamento. Quem sabe criar uma convergência entre interesse público e privado, que possa agregar para o cidadão lá na ponta”, ressalta Mainardi.
Em 40 anos de história, a Zucchetti chegou a 6 mil funcionários e 400 mil clientes em países como Alemanha, Espanha, Estados Unidos, França e Suíça. Em 2019, a software house italiana faturou 850 milhões de euros, cerca de R$ 5,6 bilhões.
Plano para o futuro
A ideia é de que as duas marcas operem de maneira autônoma, por enquanto. Mas, como a inovação está no DNA da Zuchetti, a intenção da multinacional é trazer este potencial para o Brasil e oferecer ao pequeno varejo, além de aproximar ainda mais do ecossistema inovador e das startups.
Em 2021, o plano da Compufour é alcançar 45 mil clientes do software no Brasil.
De office boy a CEO
Entregas de equipamentos. Esta era uma das funções do homem que hoje ocupa o cargo mais alto da Compufour. Com 14 para 15 anos, lá em 1996, Wagner Muller foi contratado como office boy.
Recebendo a vaga como uma oportunidade para crescer e realizar um sonho, que nem ele mesmo sabia o que era direito, mas já tinha conhecimento do que queria, programava em casa em um caderno e quando tinha acesso ao computador, confirmava se o código funcionava. Esta persistência foi longe. Depois de passar por diversas promoções, chegou à cadeira de CEO em 2018.
“É possível sim empreender longe dos grandes centros, fazer a diferença no mercado e quem sabe um dia ser global, como está acontecendo com nós agora. Quem ganha é todo o estado. Entendemos que o ecossistema catarinense é muito importante para os próximos passos que estão por vir. A história não terminou aqui. Só começou. E se não fosse o Governo do Estado, não estaríamos no patamar que estamos hoje”, finaliza.
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