Programa de Cirurgia Bariátrica completa uma década e ganha mais quatro polos
1 de setembro de 2020
O Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, que está comemorando nesta nessa terça-feira (01/09) o aniversário de 10 anos, será ampliado. De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Alex Bousquet, quatro novos polos para cirurgia de redução de estômago serão implantados: Metropolita I, Médio Paraíba, Noroeste e Metropolitana II.
– Hoje, no Estado do Rio de Janeiro existe um fila de espera por cirurgia bariátrica de 5.500 pessoas. O objetivo é desenvolver uma política de enfrentamento à obesidade, promovendo saúde e bem-estar nesta parcela da população que apresenta obesidade mórbida. Com isso, vamos reduzir as doenças metabólicas como, diabetes, hipertensão, dislipidemia (elevação de colesterol e do triglicerídeos), esteatose hepática (gordura no fígado), além de problemas articulares e de apneia do sono – afirma Bousquet.
Com a criação de quatro novos polos, além de ampliar o cuidado a pessoas superobesas, a expectativa da Secretaria de Estado de Saúde (SES) é reduzir drasticamente a fila por cirurgia bariátrica ou zerar. Outro ponto positivo é ofertar o atendimento em unidades mais próximas das residências dos pacientes, evitando grande deslocamentos. Atualmente, apenas o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na Zona Norte, realiza o procedimento.
Hospital Estadual Carlos Chagas é referência em cirurgias
As operações começaram em um cenário onde eram realizadas apenas 20 intervenções por ano, em média, pelo SUS, e passaram para 480 operações de redução de estômago feitas pelo estado. Hoje, o programa é o mais importante da rede pública brasileira e o único a oferecer o procedimento pelo SUS por videolaparoscopia, que é minimamente invasivo. Nessa luta contra a balança, 3200 pacientes já tiveram as vidas transformadas, como ser mãe e vencer a luta contra droga, e deixaram para trás 157 toneladas de peso excedente. Desde a retomada das cirurgias, no dia 13 de julho deste ano, 80 pessoas já realizaram o procedimento.
O próximo a recuperar os benefícios de uma vida saudável será João Rafael Zippel, técnico de Mecânica Industrial, morador de Seropédica, que deu entrada no programa em 2019, com 270kg, e este ano, em meio à pandemia, perdeu inacreditáveis 100kg.
– Encontrei na cirurgia bariátrica uma motivação e, com muito esforço, perdi mais de um terço do meu peso e controlei a compulsão, mesmo com o confinamento ao seguir as orientações da equipe multidisciplinar. Quero ter uma vida normal, sem discriminação e conseguir uma vaga no mercado de trabalho – relata o paciente, de 28 anos, que está na fase de realização de exames para a cirurgia prevista para ocorrer ainda este ano.
Programa coleciona histórias de superação
Quando seu filho completou 12 anos, Rodrigo Teixeira da Cruz, de 40 anos, morador da Ilha do Governador, deu a ele uma camisa do Homem de Ferro e disse que um dia iria usá-la. Passados 12 meses da cirurgia, ela coube no corpo do consultor de vendas que ostenta hoje um peso de 74kg
– A satisfação foi imensa, ainda mais ao descobrir que o tamanho era “P” infantil. A minha bermuda teve uma redução drástica, passando do número 66 para 40. Outro bônus, com o procedimento, em 2017, foi ter a saúde recuperada, como o fim da pressão alta e do diabetes – conta.
A dor pela perda da mãe, que aconteceu em 2012, aumentou a ansiedade e fez o peso da dona de casa Vivian Aparecida, de 40 anos, moradora de Santa Maria Madalena, disparar para 160kg, adiando o sonho de ser mãe. A maternidade começou a virar realidade com operação feita, em 2016. Três anos depois, sem problemas orgânicos, ela deu à luz a Isadora, que está com dez meses de vida, e seu peso está na casa dos 90kg.
– Acordar com aquele sorriso e seu chorinho é bom demais. Quando você acredita tudo acontece – detalha.
A vida e suas voltas. Em um certo momento, Daniela Lopes, de 40 anos, mergulhou no universo das drogas e resolveu substituir os entorpecentes pela comida. Como consequência da ação, a moradora de Jacarepaguá, passou a pesar 242kg. A mudança veio, em 2017, com a operação e a conquista de dois empregos: empregada doméstica e funcionária de buffet. Hoje, ela pesa 74kg.
– A cirurgia foi um divisor de águas na minha vida. Renasci, conquistei autoestima e não passo por constrangimento. Frequento academia, tenho 74kg e qualidade de vida. A borboleta saiu do casulo – afirma.
Como se habilitar para a cirurgia
Para se candidatar a uma cirurgia bariátrica pelo SUS, o paciente deve procurar atendimento em uma Clínica da Família próxima da residência para que um médico avalie a necessidade da cirurgia. Se a operação for indicada, o médico solicita uma segunda avaliação para a Central Estadual de Regulação (CER), que encaminha o pedido de forma on-line. O paciente é contatado e tem uma consulta de avaliação marcada. Antes da cirurgia, há um rigoroso programa de preparo obrigatório, com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar (médico, enfermeiro, nutricionista e psicólogo). A idade para realização do procedimento varia dos 16 anos aos 65. Após o procedimento cirúrgico, os pacientes ainda são acompanhados por cinco anos no Hospital Estadual Carlos Chagas.