#EspecialPersonagens: comunidades médica e científica buscam soluções para o combate ao coronavírus
1º de setembro de 2020
A pandemia causada pelo novo coronavírus provocou uma corrida das comunidades científica e médica para a busca por soluções que visam a cura e o tratamento da doença, até então desconhecida de grande parte da população mundial. No Rio de Janeiro, as diversas ações fomentadas pelo Governo do Estado ajudaram instituições de pesquisa e unidades de saúde que, juntas, entraram em ação e já estão produzindo alguns resultados significativos.
Uma das iniciativas mais promissoras é o soro anticovid-19 desenvolvido pelo Instituto Vital Brazil, ligado à Secretaria de Estado de Saúde. No último dia 13 de agosto, a patente da substância foi apresentada à Academia Nacional de Medicina, juntamente com os resultados das pesquisas com os soros produzidos por cavalos para o tratamento da Covid-19.
– O Instituto Vital Brazil , instituição ligada ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, recebe todo o apoio e investimento à pesquisa. Nós aliamos toda a nossa expertise na produção de soros de mais de um século ao experimento com o plasma dos cavalos, o que permite que o tratamento seja produzido em grande escala. Os animais não sofrem com o processo de retirada de plasma e, conseguimos assim, uma grande quantidade de medicamento disponível – explicou Adilson Stolet, presidente do instituto.
O processo
Depois de 70 dias, os plasmas de quatro dos cinco cavalos do Instituto Vital Brazil, inoculados em maio de 2020 com a proteína S recombinante do coronavírus, produzida na Coppe/UFRJ, apresentaram anticorpos neutralizantes 20 a 50 vezes mais potentes contra o novo vírus do que os plasmas de pessoas que tiveram a doença. Foi criado, então, o soro anticovid-19, produzido a partir de equinos imunizados com a glicoproteína recombinante da espícula do vírus.
O pedido de patente refere-se ao processo de produção do soro, preparação do antígeno, hiperimunização dos equinos, produção do plasma hiperimune, produção do concentrado de anticorpos específicos e do produto finalizado, após a sua purificação por filtração esterilizante e clarificação, envase e formulação final. O trabalho envolve parceria do Instituto Vital Brazil, UFRJ & Fiocruz e foi publicada na Biorxiv, uma revista da área científica.
– O próximo passo é a habilitação junto à Anvisa para o início dos testes clínicos. Nossa expectativa é a concordância da Agência para a testagem em pacientes, o que duraria cerca de dois meses. Na sequência, já estaremos preparados para a produção em larga escala. Aqui no Vital Brazil, já temos o anticorpo pronto para tratar o paciente – disse Stolet.
A pesquisa contou com apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Enfermaria pós-Covid no Hupe
Entre as unidades de referência do Estado para o tratamento de pacientes com a Covid-19 está o Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Localizado em Vila Isabel, na Zona Norte da capital, a inovação da área médica focou no cuidado pós-doença – uma enfermaria pós-Covid foi criada para atuar junto às patologias que poderiam ser consideradas sequelas do novo coronavírus.
– É uma iniciativa pioneira no SUS do Rio de Janeiro. Uma enfermaria especial, onde estão pacientes que se recuperaram da Covid-19, mas tiveram sequelas em face desta doença. Por meio dos trabalhos dos profissionais de saúde desta enfermaria, os pacientes reaprendem a falar, andar, recuperam movimentos, a força muscular. O espaço vem se transformando em um local fundamental de reinserção à rotina social. Diria que, após a cura, eles têm uma oportunidade de readaptação à vida – explicou o diretor-geral do Hupe, Dr. Ronaldo Damião.
Equipe multidisciplinar
De acordo com a direção do Hospital Pedro Ernesto, pela enfermaria pós-Covid passaram pacientes de 16 anos, o mais novo, até uma paciente de 103 anos. Todos os cuidados multidisciplinares aceleram a recuperação dos pacientes, permitindo a volta para casa o mais breve possível. Os pacientes recebem cuidados de uma equipe multidisciplinar – Fisioterapia, Enfermagem, Fonoaudiologia, Assistência Social, Psicologia, Odontologia, entretenimento. E, nesta enfermaria podem receber visitas de familiares, o que representa um ponto extremamente positivo na recuperação plena da saúde e no bem estar geral do paciente.
– O objetivo principal, quando pensamos nesta estrutura, foi atender pacientes que não têm condições estruturais. São pacientes do SUS, com condições socioeconômicas baixas; em muitos casos, impossibilitados até de uma boa alimentação em casa, fator vital para uma boa recuperação – ressaltou Dr. Damião.
Segundo ele, o atendimento transpassa todos os tipos de reabilitação: alimentar, física, psicossocial e clínica. Sem esse atendimento pós-covid, estes pacientes certamente retornariam ao hospital com outros problemas.
– Então, é um espaço de pós-cuidados necessários devido a uma doença tão crítica, que requer tantos cuidados; e, ao mesmo tempo, um espaço de cuidados preventivos a evitarem desenvolvimento de outras doenças – finalizou o diretor-geral.