Considerada uma doença rara, a esclerose múltipla acomete cerca de 35 mil pessoas no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (MS). A jornalista Lara Falcão, 31, é parte deste grupo e realiza tratamento há nove anos no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), do Governo do Estado.
Apesar de ter uma doença, a jornalista conta que mantém uma vida normal e ativa. “Eu me sinto muito bem. Trabalho, estudo, faço atividades físicas e tenho momentos de lazer como qualquer pessoa”, complementa. A qualidade de vida de Lara é resultado do diagnóstico e do início do tratamento no Centro Interdisciplinar de Atendimento ao Paciente com Esclerose Múltipla do HGF. Ela descobriu a doença com apenas 22 anos após um episódio de incontinência urinária e fraqueza na perna esquerda.
Na época, a jornalista morava em Minas Gerais. Ao descobrir que existia tratamento especializado no HGF, em Fortaleza, Lara decidiu voltar a morar na capital cearense. O neurologista e coordenador do serviço no HGF, Artur D’Almeida, explica que Lara faz parte da faixa etária na qual a doença é mais recorrente. “Apesar de o nome remeter a pessoas idosas, os pacientes estão entre 15 e 50 anos, podendo atingir inclusive crianças. A maior incidência é em mulheres jovens, entre 30 e 40 anos”, alerta.
A esclerose múltipla é uma doença autoimune, na qual a pessoa tem ataques imunológicos contra a mielina, camada de gordura que reveste os neurônios especificamente no sistema nervoso central e no nervo óptico. O coordenador do Centro explica que a pessoa apresenta surtos periódicos devido às inflamações causadas pelo sistema imunológico. “Nesses surtos, sintomas diversos podem se apresentar, como embaçamento da visão, perda visual transitória, visão dupla, formigamento ou fraqueza muscular nos braços ou nas pernas e dormência, queimação ou paralisação do rosto”, acrescenta.
O neurologista Artur D’Almeida aproveita o Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla, celebrado neste domingo, 30, para alertar população e profissionais de saúde. “Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, melhor será a qualidade de vida desse paciente no futuro. Alguns especialistas, como ortopedistas, oftalmologistas e ginecologistas, precisam ficar bem atentos a possíveis sintomas e encaminhar o paciente para o neurologista o mais rápido possível”, acrescenta.
Lara Falcão faz o tratamento da Esclerose Múltipla no HGF desde 2011. Ela é atendida por uma equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogo, terapeutas ocupacionais, nutricionista e dentista. “Eu sou acompanhada por vários profissionais que me dão suporte no controle da doença e também orientações sobre minha alimentação, sobre a realização de atividades físicas, tudo que eu preciso para ter uma ótima qualidade de vida”, conta.
O Centro Interdisciplinar de Atendimento ao Paciente com Esclerose Múltipla do Hospital Geral de Fortaleza acompanha, atualmente, 300 pacientes com a doença. O atendimento acontece às quarta-feiras, das 8h às 12h.
O Centro recebe novos pacientes por meio de encaminhamento de outras unidades da rede pública de saúde.