JOTA ABREU
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A Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente e Juventude se reuniu nesta quinta-feira (13/8) para debater “O Desafio para a volta às aulas” na capital paulista. Na última sexta-feira (7/8), o Governo do Estado de São Paulo adiou a data estimada para o retorno das aulas presenciais das escolas públicas e privadas para 7 de outubro. A retomada das atividades escolares recebeu uma nova data por recomendação do Centro de Contingência do Coronavírus. A previsão inicial era 8 de setembro.
De acordo com a presidente da Comissão, vereadora Soninha Francine (CIDADANIA), há várias questões a serem tratadas, como a possibilidade das escolas particulares retornarem antes das públicas, ou se é correto deixar com os pais a decisão de enviar os filhos para a escola, caso o retorno seja autorizado pelas autoridades sanitárias. Ela também citou a necessidade de observar a diferença entre alunos que não conseguiram acessar as aulas e material de forma remota e os demais, e também cuidar da saúde mental dos alunos oferecendo apoio pelo momento.
Também acompanharam a reunião a vereadora Juliana Cardoso (PT), que é vice-presidente da Comissão, Patricia Bezerra (PSDB), Noemi Nonato (PL) e Fernando Holiday (PATRIOTA).
Mãe de dois alunos da rede e integrante de conselhos representativos, a advogada Neuci da Silva Rodrigues lembrou que tem sido um desafio para todos durante a pandemia conseguir trabalhar, atender os filhos com aulas remotas e também oferecer apoio emocional. Sobre a volta presencial, Neuci atentou para o fato de que algumas famílias não estão tomando os devidos cuidados, e isso não garante segurança para o retorno das aulas.
“As famílias foram se adequando e os profissionais de Educação também. Essa união foi importante, mas em algumas famílias a dificuldade é maior porque os pais precisam sair para trabalhar e não conseguem acompanhar os filhos. Sem contar aqueles que nem tiveram acesso às plataformas”, afirmou.
Maria Auxiliadora Camargo, especialista em saúde da área técnica da Secretaria da Saúde para criança e adolescente, disse que todos foram pegos de surpresa com a pandemia. Segundo ela, a pasta trabalha com acompanhamento do cenário epidemiológico e o inquérito sorológico da prevalência da Covid-19 nas crianças é uma das formas de buscar as informações que possam dar base para as ações. “A Saúde está tomando atitudes para elucidar os cenários que colaborem para a tomada de decisões”, disse.
O educador Braz Rodrigues Nogueira concluiu que a volta segura dos alunos só vai acontecer quando tiver a vacina contra a Covid-19. Por isso, é preciso ouvir os profissionais da área da saúde, para não haver experiências com as crianças. Lembrou que a escola é um ambiente de convivência e de intimidade entre os estudantes, e que eles podem transmitir o vírus de forma assintomática para seus familiares.
O médico sanitarista Jorge Kayano realizou uma apresentação, avaliando dados publicados pelas autoridades do Brasil e de outros países. Ele considera difícil que alguma vacina chegue ao país. Fez uma comparação da realidade do Estado de São Paulo com os números de casos de contaminados pelo novo coronavírus por 100 mil habitantes em países que decidiram pelo retorno das atividades escolares. De acordo com o levantamento do sanitarista, estas nações estavam com dados relativos bastante inferiores aos encontrados aqui. “Não devemos perguntar se é viável reabrir as escolas, mas sim, o que é preciso fazer para tornar viável a reabertura. E também, não adianta saber o que estamos fazendo para tratar os contaminados, mas o que estamos fazendo para reduzir novos casos de contaminação”, ponderou.
Para a vice-presidente da Comissão, Juliana Cardoso (PT), é importante que possa ser pensado preventivamente como se preparar para a volta às aulas, ainda em um momento sem vacina. “Acredito que não será ainda esse ano, mas sabemos que esse retorno irá acontecer. Acho que há um caminho para ajudar e resolvermos com o que temos de equipamentos e estrutura na cidade”, disse.
A vereadora Noemi Nonato (PL) agradeceu aos participantes da reunião, ressaltando a dedicação de cada um. “Pessoas importantes que têm se preocupado muito com a saúde da criança e do adolescente. É um pouquinho do tempo que vocês disponibilizam, como sinal de que têm o coração gigante”, agradeceu.
A presidente Soninha Francine (CIDADANIA) acolheu uma demanda apresentada, de solicitar à Secretaria da Educação para que reabra o prazo para solicitação de cadastro para recebimento de cartão-alimentação. Segundo informações, a data se encerrou em 9 de agosto, mas muitas famílias, principalmente com dificuldade de acesso à internet, não conseguiram realizar.