Portadora de cardiopatias e hipertensa, Benedita Alice, 73 anos, travou batalha de quase dois meses para vencer a Covid-19 . A idosa, moradora de Andrelândia, sul de minas Gerais, passou 55 dia s em uma cama hospitalar no Hospital Regional João Penido, em Juiz de Fora . Destes, 43 em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo 23 intubada e tendo ainda se submetido a uma traqueostomia.
Segundo seus familiares, os sintomas começaram na metade de maio. “Estranhamos porque ela estava ficando mais deitada, não queria comer, reclamou de dor no corpo, perdendo a vontade de conversar, já não fazia mais questão de assistir televisão”, diz sua neta, Aline, 33 anos.
“Levamos ao posto de saúde, a suspeita inicial era pneumonia, então ela foi medicada e liberada. Três dias depois, voltou no hospital, fizeram exame de Raio-X e disseram que o pulmão estava bom. No dia 25, piorou, então acionamos uma ambulância, levamos ao hospital municipal e, no dia seguinte, transferiram para um hospital de Juiz de Fora, já que em Andrelândia não tem UTI.”
Benedita teve alta no último dia 20. Segundo sua outra neta, Naiane (23), a avó está se recuperando, mas os cuidados continuam em casa.
“Nós sabemos que a recuperação de um idoso é um pouco mais lenta. Ela está bem, mas ainda não está andando, por ter ficado muito tempo deitada. Também ajudamos ela a se alimentar, já que a coordenação motora segue um pouco prejudicada. Apresenta um pouco de confusão mental. A médica falou que é normal, mas que serão necessárias algumas sessões de fisioterapia .”
Benedita Alice é mãe de 6 filhos, sendo um deles adotivo. Ex-doceira antes de se aposentar, é fã de programas de televisão, gosta de frequentar bares de forró e extremamente vaidosa, conta Aline. “A preocupação dela no hospital era o cabelo, que estava quase dois meses sem ser penteado”, diz a neta.
Geniosa, a idosa contou com a ajuda de alguns familiares durante o período internada, mas não deixou sua personalidade forte de lado.
“Ela briga com a gente quando tem que brigar, brigou quando eu insistia pra ela comer, inclusive no hospital, depois que saiu da UTI. Ela detesta feijão preto, gosta só do ‘feijão carioquinha’, e no hospital só tinha feijão preto e com muito alho, que ela também detesta, então ela sempre reclamava”, conta Aline, entre risadas.
Os familiares afirmam que, apesar de alta lotação no hospital por pacientes com Covid-19 , a idosa foi muito bem tratada.
“Em Juiz de Fora tem muitos casos de Covid-19, todos as cidades da região mandam os pacientes para lá, mesmo assim o tratamento é digno de agradecimento. Sabemos que muitas famílias nem conseguem notícia das pessoas internadas em UTIs. Mas os médicos ligavam todos os dias para nos informar do estado dela, nunca ficamos sem notícia, sempre informavam se estava evoluindo, estável ou piorando.”
Daqui em diante, os familiares contam que a rotina de cuidados incluirá visitas frequentes ao pneumologista, além de fisioterapia e acompanhamento psicológico .
O estado de Minas Gerais registrou, até a divulgação do último boletim epidemiológico, 123.415 infecções pelo novo coronavírus e 2.692 vítimas fatais.