A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) lançaram, no dia 15 de março, o Prêmio Ester Sabino para Mulheres Cientistas do Estado de São Paulo. No evento, realizado de forma virtual, foram homenageadas a própria professora Ester, que dá nome ao prêmio, e a pesquisadora Jaqueline Goes, que faz parte da equipe coordenada pela professora.
O objetivo do prêmio é reconhecer a contribuição inestimável das mulheres cientistas para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do Estado de São Paulo. A ideia é que a premiação seja promovida anualmente, sempre no dia 11 de fevereiro, quando se comemora o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.
O prêmio é dividido em duas categorias, uma que celebra cientistas seniores, com carreira consolidada e grandes contribuições para a ciência do Estado, e outra que premia jovens pesquisadoras de destaque.
“É uma honra ter meu nome associado ao prêmio. Todos precisamos de mais mulheres na ciência e em postos de liderança. Isso é fácil de falar, mas não tem sido fácil de pôr em prática. Há uma necessidade grande de abrir espaços, mas também de incentivar nas próprias mulheres a participação em congressos, seminários e de estar presente na coordenação de estudos, centros de pesquisas e agências”, afirmou Ester.
Ester Cerdeira Sabino é médica, imunologista e ex-diretora do Instituto de Medicina Tropical da USP e liderou o sequenciamento do genoma do coronavírus. Professora da Faculdade de Medicina, Ester já estava se preparando para sequenciar o genoma das primeiras cepas do vírus Sars-CoV-2 antes mesmo que ele chegasse ao Brasil, liderando um time de pesquisadores da USP e do Instituto Adolfo Lutz.
No dia 28 de fevereiro do ano passado, 48 horas após a confirmação dos dois primeiros casos de covid-19 em São Paulo, foram publicados os genomas completos dos vírus de ambos os pacientes, contendo informações essenciais para a identificação genética e o rastreamento epidemiológico do coronavírus.
Desde então, Ester vem sendo protagonista no rastreamento epidemiológico da pandemia no Brasil e no mundo e seus esforços no mapeamento do genoma da covid-19 abriram caminho para o desenvolvimento de vacinas, elaboração de tratamentos, criação de novos formatos de teste, entre outras soluções.
No último dia 9 de março, a docente também foi homenageada pelo Conselho Universitário da USP, que aprovou a concessão da medalha Armando de Salles Oliveira, a mais alta honraria da Universidade, por sua contribuição no enfrentamento da pandemia.
Jaqueline Goes atuou na equipe coordenada por Ester. Graduada em Biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, mestre pelo Instituto de Pesquisas Gonçalo Moniz – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-BA) e doutora em Patologia Humana e Experimental pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em associação com a Fiocruz, Jaqueline estava em Birmigham, num estágio-sanduíche de seu doutoramento.
Foi ali que desenvolveu e aprimorou protocolos de sequenciamento de genomas completos pela tecnologia de nanoporos dos vírus zika, além de protocolos para sequenciamento direto do RNA que, dois anos depois, teriam consequência direta em seu trabalho com o Sars-CoV-2.
“Gostaria de agradecer pelo prêmio e principalmente à Ester, com quem tenho aprendido muito. É uma técnica de sequenciamento que venho fazendo há algum tempo, mas aprender com ela e entender o modo de fazer ciência, a maneira como incentiva a equipe é um privilégio. Tenho certeza que o reconhecimento do trabalho jamais teria ocorrido se não fosse ela”, destacou Jaqueline.
Participaram do evento de premiação a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen da Silva; o subsecretário de Ensino Superior da Secretaria, Sandro Roberto Valentini; a presidente da Aciesp, Vanderlan da Silva Bolzani; o reitor da USP, Vahan Agopyan; e o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Marco Antonio Zago.